Outro dia eu estava bebendo na Praça, como de costume aqui no Embu das Artes. Sempre encontro amigos de longa data na Tabacaria, emendamos um samba com os alunos de percussão do Caçapava, faço amigos novos, terminamos na Padoca do Sonin nas terças mais animadas. Coisa de interior. As figuras do Embu são muito peculiares e em geral tiro às terças-feiras para manter esses afetos. E lá estava eu com um velho amigo, o Marcel, conversando sobre como a praça está em perigo (a Prefeitura daqui está num processo de completo desmonte do que sobrou de histórico da cidadedela, acabando com os canteiros de árvores e o que restou de artistas, tudo em prol de meia dúzia de empresários. Até os três exemplares de Pau-Brasil da Praça estão em risco – é muito preocupante, mas isso fica para um outro post). E eu disse pro Marcel que as árvores em risco me preocupavam demais porque existiam colmeias de abelhas nativas por ali.

Abelha Mandaguari-Amarela (Scaptotrigona xanthotricha)
Caramba, o Marcel pirou. Me fez ir com ele na mesma hora mostrar algumas. E lá fomos nós, mostrei uma Mandaguari que mora na frente do Alambique. Mostrei uma Abelha Limão na frente da pastelaria e de quebra achamos uma Iraí na mesma árvore.
Acho impressionante o poder de encantamento que as abelhas têm. No dia seguinte o Marcel me ligou, querendo fazer um levantamento de todas as colmeias da Praça, para ele juntar no ofício que ele entregaria pela Preservação do Centro Histórico junto à Prefeitura. Eu acionei o grupo de meliponicultores que faço parte do WhatsApp e aconteceu um movimento bem bonito; prontamente levantaram mais 5 colmeias de ASF que eu desconhecia, e cada um sabia de uma diferente, o próprio grupo se animou com a ideia de identificarmos todas elas. As abelhas já tinham feito a sua magia.
O resultado dessa história foram 8 colmeias identificadas, sendo 6 espécies diferentes. E a cada plaquinha, conversando com cada dono de loja que cuidava de cada árvore (às vezes até sem saber), eu via aquele brilho nos olhos, aquela fila de curiosos que juntava, aquele monte de dúvidas que surgia (– É Jataí? – Gruda no cabelo? – Mas nenhuma tem ferrão? – Elas produzem mel?) e as abelhas fazendo a magia delas. O meu coração nem se aguenta de tanta felicidade vendo isso.
Eu agora toda terça-feira faço o tour pela praça, com meu copo de cerveja na mão, e toda vez enquanto observo juntam mais e mais curiosos… E o Marcel, coitado, ficou viciado; ele já achou mais duas colmeias nativas nas andanças dele por outros bairros, que estamos identificando também. E a cada vez chega mais um encantado perguntando – É Jataí?
E pistas já não faltam mais pra você encontrar as abelhas da Praça 😉








4 comments
Diego Agripino Peixoto
Olá amigo..
Ontem encontrei uma Manduri numa árvore descendo a rua da praça em direção ao banco da caixa, bem atrás da prefeitura, ela está numa árvore q parece estar morrendo, a uns 2,5 metros de altura…
Melip
Diego do céu, muito obrigado! Vamos lá espiar e identificá-las!
Nós agradecemos e as Abelhas também — agora estamos tentando conscientizar a moçada que está prendendo placas políticas bem em cima das abelhas, ahff.!
Muito obrigado pela ajuda!! <3
Jonathan Lopes
Ola boa tarde , na rua da matriz no muro em frente a haus burguer, tem uma jataí e do outro lado do escadão bem na saída dele para rua nossa senhora do rosario tbm tem outra jataí e subindo a nossa senhora do rosario proximo a capela tem uma mirim. E em frente na rua licia borges tem uma mandaguari amarela na primeira arvore se não me engano. O Embu é delas ❤️🙌🐝
Melip
Jonathan!! DEMAIS! Que olho bom, rapaz! Já vamos chegar lá instalar placas pra proteger! Obrigado!!